segunda-feira, 16 de abril de 2012

O Livro da Morte - O Casulo

Havia uma vez, em um jardim, uma criança. Pura e simples. Muitas vezes são pessoas assim que minha foice busca para descançar. Mas desta vez foi estranho. Ela não estava atrás do garoto, mas sim de algo bem menor. Bem próximo à ele, havia um casulo. A forma pulpa, já em finalização, de uma larva. Ela já estava em sua forma de borboleta, porém seu casulo ainda estava forte demais, e suas asas não possuiam força o suficiente para quebrá-lo. O menino então se aproximou de onde estava o casulo, e ao notá-lo, ficou observando enquanto a pequena borboleta se agonizava para se libertar. Ainda sem entender o motivo de estar ali, observei também a agonia da borboleta, até que, para minha surpresa, o garoto pega o casulo, e o racha. Eu podia ver em seu rosto que ele sentia o desespero do inseto em não poder se ver livre. Foi aí que entendi o motivo de estar ali naquele momento. Um pouco triste, de fato. Com aquela pequena rachadura, a borboleta foi capaz de quebrar o casulo, que se tornou mais frágil, e então subiu no dedo do menino. Ele observou as asas extremamente coloridas do inseto e sorriu. jogou a mão para cima e observou o inseto batendo as asas. Foi então que o inseto caiu na grama, sobre um formigueiro, e uma agonia ainda maior tomou conta dele, até o último segundo que esperei para que minha foice o cortasse. Pobre garoto, em sua ingenuidade e pureza, quis tentar ajudar, quebrando o casulo para que fosse mais facil para a borboleta se libertar. Mas algumas batalhas precisam ser travadas sozinhas. Não fiquei mais por ali. Tudo o que lembro de ter visto, foi um menino correndo aos prantos, e o restante de um casulo rachado.

domingo, 1 de abril de 2012

Amanda's Book - Capítulo Final - O Fim da Jornada (The End of the Jorney)

Ela sorriu com os olhos de quem não queria ouvir mais nada do mundo.
Caminhou atrás de respostas para as perguntas nunca feitas.
Sentiu o ódio de cada homem por si só, e amou como se não houvesse um amanhã sólido ou impalpável.
De toda a sua dor, ela ainda pode olhar para os céus e sorrir. Abrir os braços e receber o quente calor do sol, que sempre sorriu para ela todos os dias.
Sua alma estava pura, curada. Sabia que o que havia deixado ali era bem mais do que esperava no começo de tudo. E também que a escuridão ainda a seguia. Era uma batalha sem fim. Algo que ela precisava enfrentar. Aprendeu que tudo tem um tempo. Que existem momentos que se é preciso deixar partir. Mas nunca deixar de lutar. Via o sorriso dele fechando a porta, como se fosse um filme. Mas não se encomodava mais. Podia sorrir, pela primeira vez, vendo que tudo realmente estava bem. Eles tiveram algo realmente maravilhoso. Uma história que ela iria passar para frente no decorrer dos anos, quando as rugas se tornarem aparentes. Mas que por enquanto, mantivesse guardada onde só ela poderia alcançar. Dentro de seu coração.
Sente então seus joelhos tocarem o chão, e o cheiro da terra molhada tocar-lhe o nariz. E novamente sorri, dessa vez com mais intensidade. E fala algo que nunca esperou dizer: "Obrigada."
Amanda abre os olhos e encherga o vazio em sua frente, porém desta vez, não é um espaço negro, envolto de dores e tristezas, mas sim azul e branco, com desafios e aprendizados. Um caminho novo. E bem ao fundo se encontra o rosto dele, o homem que uma vez tomou seu coração como jóia, e feriu como espinho, marcando como o fogo. O homem cujo amor sempre será lembrado, com um sorriso entre uma porta se fechando, de uma casa que não era a dela, mas sim daquela que pode tomar seu lugar com orgulho. Ela entendia agora, mesmo sem saber explicar, mas ele estava feliz, até mesmo por dentro dela. E estava na hora de ela ficar também. Aquele sorriso entre uma porta que nunca se fecharia realmente era o que a motivava agora.
Pondo-se de pé, Amanda encara o horizonte vivo a sua frente.
- Está na hora de fazer as perguntas certas. Obrigada por aguentar tudo. - ela olha para o lado e vê o "Imaginário" sorrindo - Mas agora este é um caminho que preciso trilhar sozinha. Eu sempre vou me lembrar de você, como uma parte de mim, que nunca se apaga. E assim como você fez, eu fecho minha porta para você, esperando que você compreenda que ela nunca estará, de fato, fechada. E que por trás dela, você ainda poderá me encontrar sorrindo.
Com o coração ainda apertado ela dá o primeiro passo. É um sentimento diferente. Sua caminhada é leve, e ao mesmo tempo pesada. Ela olha para trás e vê pela última vez o reflexo criado por sua mente, daquele a quem ela tanto amou. Ele sorri.
- Foi bom ouvir sua voz outra vez.
Ela vira o rosto e deixa que seu coração guarde aquela memória para sempre. A luz envolve seu corpo e ela está novamente em seu quarto, encarando o teto. Era impossível explicar como se sentia, mas ela sabia. Sabia o que tinha de fazer dentro de si. E com um impulso ela se levanta da cama e encara a porta. Vai até ela e gira a maçaneta. Da o primeiro passo para fora e sente a doce brisa do primeiro dia. Atrás dela, apenas uma vaga lembrança de um castelo, uma arvore, uma dor, um menino, uma porta, e um sorriso. Guardados para sempre no "Livro de Amanda".

(Sierepilef's - Amanda's Book)