Ontem (15/12/2021), o Felipe de 19 anos atrás pode voltar ao cinema pra encarar o fim de uma saga. Desde o primeiro surgimento do Doutor Octopus, que está mais ágil e melhor utilizado em questão digital, até o uso do Duende Verde que está ainda mais brilhantemente interpretado pelo majestoso Willem Dafoe (não, não quero ele de Coringa. Já temos Joaquim Phoenix pra esse papel, e ele está ótimo. Deixem o Duende com o Willem que está PERFEITO), o ápice pra mim, foi voltar a ser aquele menino de 10 anos pulou e berrou na cadeira ao ver o seu Peter Parker (Maguire) sair do portal de Ned, ainda sem uniforme, mas com toda sua meiguice e com as marcas do tempo que EU também carregava. Me reconhecer novamente naquele personagem fez meu coração disparar e automaticamente me conectar com o filme de uma forma que eu jamais pensei que fosse possível. E quando utilizaram a clássica trilha sonora dos filmes de 2002 meu corpo inteiro se arrepiou. Era a viagem no tempo que eu tanto sonhei viver. Sim, Tobey, nós envelhecemos. NÓS envelhecemos. O tempo o atingiu assim como me atingiu, e quer saber, eu estou muito feliz de poder ter compartilhado desse momento único com você.
MAS...
Não é de Tobey Maguire que esse texto se trata, e sim, de Andrew Garfield. Pois, sim, eu berrei quando Tobey passou pelo portal e tudo mais... Mas o mais impressionante foi o misto de emoções que senti ao ver Andrew atravessar aquele portal primeiro. A primeira vista o primeiro "Mentira..." saiu da minha boca com um sorriso que eu não lembrava que poderia dar. E a cada passo que ele dava em direção à câmera, meu coração disparava ainda mais. Eis que o tamanho de Andrew o difere de Tom Holland, e o que eu já sabia ser verdade, foi satisfatoriamente se confirmando diante dos meus olhos. O uniforme se tornou visível. Aquele capuz com os olhos grandes, e eis que ele retira a máscara e lá estava ele. Andrew Garfield em toda sua glória: "Eu sou o Peter Parker!"
Zendaya: "Não é não"
Eu: "SIM, ELE É SIM!"
E mais uma vez ele se mostrou um excelente Homem-Aranha. Cativante, experiente, mas, ainda assim, mal aproveitado. Minha expectativa em cima de Andrew era maior do que eu imaginava, e apesar dela ter sido em grande parte correspondida, uma coisa me deixou chateado com os roteiristas.
Em determinado momento do filme, Andrew diz a Tom que, devido à morte de Gwen ele havia se tornado amargo e obscuro por um tempo. Desistindo da luz que sua namorada, post-mortem, e sua tia o ajudaram a enxergar. A dor da perda era grande demais, e o manto que todos ali carregavam, era demasiado pesado. Então me veio a cabeça: "Por que não aproveitar isso?"
Tínhamos ali um PUTA ATOR com uma PUTA OPORTUNIDADE de REDENÇÃO e RESGATE, e é exatamente sobre ISSO que o filme inteiro fala. Tom Holland precisa aprender sobre seus poderes e responsabilidades e, para isso, ele planeja, junto aos demais aranhas, resgatar os vilões de seus destinos sombrios. Então, por que não resgatar também o mais injustiçado dos Aranha? Andrew COM CERTEZA é o MELHOR HOMEM-ARANHA já interpretado em um live action. Seu primeiro filme, apesar de ter problemas como TODO filme tem, pra mim ainda é o segundo melhor filme do aranha até hoje, ficando acima apenas deste (Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa) e abaixo do clássico Homem Aranha 2 de Sam Raimi. Tá, mas como fazer isso? Como fazer Andrew ter sua redenção e por que isso faria o filme ser perfeito?
Me acompanhem:
No filme, devido à interferência de Peter (Holland) no feitiço de Strange, TODAS as pessoas que sabem que Peter é o Homem-Aranha passam a migrar para o universo dele, trazendo assim os vilões clássicos de volta, juntamente com os outros Aranhas. Mas há um clitch aí. Otto mesmo diz que Norman não poderia estar ali, visto que ele havia morrido dois anos antes dele, Octávius, lutar contra Peter (Tobey), ou seja, de alguma forma, o feitiço havia mexido não só com as realidades, mas também com o tempo, trazendo o Duende Verde de volta a vida. Isso também implica que Harry poderia ter retornado a vida, assim como todas as outras pessoas que sabiam do segredo de Peter (Tobey/Andrew/Tom). E há uma pessoa que seria incrível de ter voltado a vida e de estar neste filme, e sim, esta é Gwen Stacy de Emma Stone.
O casal PERFEITO do universo cinematográfico do Aranha seria também a chave principal tanto para a redenção de Andrew Garfield quanto para a perfeição máxima deste filme. Ao invés de manterem Peter (Andrew) como o Homem-Aranha piadista e traumatizado com a repercussão de seus filmes, que o fizessem amargurado com a morte de Gwen e como sua vida o cobrou de tal forma que ele não é mais aquele Peter "descolado". Não, Andrew é, sem dúvidas, o melhor ator entre os três interpretes do Aranha, e que desperdício foi não brincar com esse fator. Não deixar ele mostrar todas as suas capacidades. Pensem que brilhante seria este Peter (Andrew) como um Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. Diferente de Peter (Tobey), que teve sua vida resolvida e perfeita, Peter (Andrew) está traumatizado e abalado, e essa seria a balança que Peter (Holland) teria para se basear. Peter (Holland) acabou de perder a pessoa que mais amava por uma ação impulsiva e egoísta de sua parte, assim como Peter (Tobey) o fez. Ainda que a briga de Peter (Andrew) com seu tio Ben tenha sido semelhante, é com o desfecho da morte de Ben Parker de Tobey que o desfecho da tia May de Holland se assemelha, usando até mesmo da mesma frase. Porém, isso não exclui outro fator de EXTREMA IMPORTÂNCIA para a ligação com Andrew: O Duende Verde que levou à morte da pessoa mais amada para Peter (Andrew/Holland).
Seja Harry ou Norman, foi o Duende quem mais feriu Peter (Andrew/Holland), tirando deles as pessoas que mais significavam em suas vidas, e isso é algo que Peter (Maguire) não conseguiria entender. Esse elo entre os dois faria uma conexão tão forte entre eles que daria o primeiro passo no resgate de Andrew, que ao apoiar a decisão de Holland em querer MATAR o Duende, entraria em conflito com Peter (Maguire), o outro lado da balança, levando Peter (Andrew) a deixar a dupla. Nesta luta para reaprender a lidar com seus sentimentos, Peter (Andrew) encontraria com a pessoa que também sabia do segredo do Aranha e que também havia sido arrastada para aquele universo, Gwen Stacy, que, igualmente a Elektro, poderia surgir também como Mulher-Aranha. Mas ainda que ela voltasse como uma civil, esse resgate seria a luz necessária para Peter (Andrew) voltar a ser quem era, o MELHOR HOMEM-ARANHA, e trazer Peter (Holland) de volta do caminho que ele, Peter (Andrew), havia seguido, antes que fosse tarde demais.
Essa pequena/gigantesca mudança no roteiro engrandeceria o filme de tamanha forma que pra mim ele seria o filme perfeito da Marvel/Sony/Aranhas em todos os sentidos. Respeitando a pureza e "perfeição" de Maguire, promovendo a redenção para com o público e o crescimento que faltava em Andrew para completar sua jornada, e finalmente transformando Holland em seu derradeiro Peter Parker.
Ao final de tudo, se o feitiço de Estranho trouxe ou não o pai de Gwen ou Eddie Brock de Maguire de volta também, ficaria na imaginação do público. Mas pensa que incrível seria, saber que os três Peter estariam voltando para seus respectivos universos com seus vilões vivos e prontos para novas histórias. Seja Maguire, Andrew ou Holland, a Sony teria os 3 universos para brilhar com novas histórias. Três Peter completamente desenvolvidos e um multiverso inteiro em suas mãos pra fazer histórias ainda mais incríveis com novos ultimatos e afins.
Ainda que isso não tenha acontecido, eu AMEI o filme em todos os quesitos. Não é um filme perfeito, mas beira como poucos o fazem.
Obrigado Sony/Columbia/Marvel por mais uma experiência como essa.
Obrigado Tobey por me fazer Bilbo e ir lá, em meus dez anos, e de volta outra vez, pelo tempo.
Obrigado Andrew, por me fazer vibrar no cinema como se tivesse 20 anos novamente. Por me emocionar e me cativar ainda mais, e por me machucar por querer vê-lo ainda mais usando este manto que eu acredito muito ser merecidamente seu.
Obrigado Tom Holland, por se tornar um Homem-Aranha. Agora sim, o SEU Homem-Aranha.
15 de Dezembro de 2021
O dia em que eu viajei no tempo. O dia em que eu VIVI o Aranhaverso!